Acusado de genocídio em 1994 é preso na França aos 84 anos

16 de Maio 2020 - 14h51
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Considerado o "tesoureiro do genocídio de Ruanda" e um dos principais réus ainda procurados pela Justiça internacional, Félicien Kabuga foi preso perto de Paris neste sábado, de acordo com a Promotoria e a polícia de Paris em nota conjunta.

Kabuga, de 84 anos, é acusado de ter criado as milícias Interahamwe, o principal braço armado do genocídio de 1994 que causou 800 mil mortes, segundo a ONU. Foram assassinados principalmente ruandenses da etnia tutsi, mas também os da etnia hutu considerados favoráveis à convivência mútua e à divisão do poder.

Kabuga é alvo de um mandado de prisão pelo Mecanismo para Tribunais Penais Internacionais, órgão encarregado de concluir os trabalhos do Tribunal Penal Internacional para Ruanda (TPIR). Ele era um dos principais acusados ainda foragido, junto com Protais Mpiranya, que dirigia a guarda do então presidente ruandense, Juvénal Habyarimana, e o ex-ministro da Defesa Augustin Bizimana.

As acusações contra Kabuga incluem "genocídio", "incitação direta e pública a cometer genocídio" e "crimes contra a humanidade" (perseguição étnica e extermínio).

Segundo o comunicado das autoridades francesas, ele estava entre os "fugitivos mais procurados do mundo" e vivia nos arredores da capital francesa com uma identidade falsa.

Sua detenção mostra que "os responsáveis pelo genocídio podem ser responsabilizados, mesmo 26 anos após seus crimes", disse o promotor do MTPI, Serge Brammertz, em um comunicado.

Depois de ser entregue às autoridades judiciais, Kabuga passará por um processo de extradição diante do Tribunal de Apelações de Paris. Este órgão decidirá sua entrega ao MTPI, que tem sede em Haia, na Holanda, para julgamento.

Com informações de O Globo