
A Polícia Federal investiga o deputado estadual Edson Araújo (PSB-MA) por ter recebido R$ 5,4 milhões em um ano da Federação das Colônias de Pescadores do Maranhão, ligada ao esquema bilionário de descontos ilegais em aposentadorias do INSS. O caso foi revelado pelo Metrópoles.
Os pagamentos ocorreram entre maio de 2023 e maio de 2024, período em que a entidade recebeu R$ 400 mil da Confederação Brasileira dos Trabalhadores de Pesca e Aquicultura (CBPA), que arrecadou R$ 99 milhões com mensalidades de aposentados.
Edson foi 2º vice-presidente da CBPA e presidente da federação maranhense. Segundo a PF, os pagamentos foram feitos após a assinatura de um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) com o INSS, que autorizou os descontos diretos na folha de pagamento dos beneficiários.
A investigação aponta que os valores recebidos são "desconexos com a capacidade econômica" do deputado e indicam possível ocultação de bens ou sonegação fiscal. Por conta do foro privilegiado de Edson, o caso foi enviado ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região.
Na época em que recebeu os recursos, o parlamentar ocupava a Secretaria da Pesca do Maranhão. Ele retornou à Assembleia Legislativa em janeiro de 2024, após assumir uma vaga deixada por deputados eleitos prefeitos.
A Polícia Federal destaca que a atuação de Edson sempre esteve ligada ao setor pesqueiro, principal foco do esquema investigado. O deputado foi procurado pela reportagem, mas não respondeu.
A CBPA foi fundada em 2020 e, dois anos depois, firmou o ACT com o INSS. A entidade teria se aproveitado de inserções em massa de dados no sistema da Dataprev, o que, segundo a CGU, transformou o INSS em uma “indústria de descontos indevidos”. A PF afirma que há fortes indícios de que as listas apresentadas ao INSS continham nomes de pessoas que jamais autorizaram o desconto.