
Aline Pereira Ghammachi, a freira brasileira de 41 anos expulsa da liderança do Mosteiro Cisterciense dos Santos Gervásio e Protásio, na Itália, afirma que as acusações contra ela são infundadas. Sua saída como abadessa (chefe do mosteiro) gerou a debandada de outras 12 freiras, que deixaram o local em solidariedade a ela.
Para Aline, a decisão é consequência das transformações que promoveu no mosteiro e do machismo aliado ao abuso de poder de quem não aceita ver uma mulher na liderança. Agora espera a resposta da contestação que encaminhou ao Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica, a mais alta autoridade judicial da Igreja Católica.
Em um jardim ensolarado a poucos quilômetro do mosteiro que um dia foi sua casa, Aline recebeu a reportagem do UOL em Vittorio Veneto, uma cidade que fica a cerca de 580 km de Roma. Pequena, com os olhos azuis e um sorriso no rosto de quem não desanima, ela elencou os principais pontos que, em sua visão, deslegitimam a tentativa de afastá-la.
Foram acusações anônimas de maus-tratos, abuso de autoridade e desvio de recursos que, segundo ela, nunca foram comprovadas e acabaram arquivadas como calúnias. De acordo com Aline, foram realizadas ao menos oito inspeções no mosteiro desde 2023, mas nenhum relatório foi compartilhado com ela - que disse não ter tido direito a se defender formalmente também.
"O abade-presidente da nossa congregação, padre Stefano Zanolini, me ligou para dizer que o Vaticano havia recebido uma carta anônima. Acusações absurdas: maus-tratos às irmãs, abuso de autoridade, desvio de recursos. Nada daquilo era real. Foi como um soco no estômago", relatou.
UOL