
A Globo responde na Justiça do Trabalho a um processo movido por uma ex-funcionária que acusa a emissora de ser conivente com assédio moral. O abuso teria sido praticado por Carlos Cereto, que saiu do canal esportivo da Globo nesta quinta-feira (1º), depois de 20 anos. No processo, a ex-funcionária diz que Cereto a xingava e a fazia dar voltinhas na Redação para mostrar seu corpo.
O Notícias da TV teve acesso ao processo no fim de maio, antes mesmo de Cereto sacramentar sua saída da Globo. Nos autos, a ex-funcionária relata diversos fatos, confirmados por pelo menos três testemunhas que teriam visto a situação. Por questões de segurança, o nome da profissional é mantido sob sigilo.
Em um desses momentos de assédio, a ex-funcionária relata no processo que foi chamada de "incompetente, desqualificada e despreparada" por Cereto. Em outro, o jornalista dizia que a sua então colega "estava uma delícia, beijava sua mão" e a fazia dar uma voltinha.
Os casos ocorreram durante o período em que Carlos Cereto foi chefe de Redação do SporTV em São Paulo. Ele ocupou a função entre 2012 e 2015. De 2016 a 2021, foi comentarista e apresentador do canal esportivo.
A reportagem apurou que a ex-funcionária denunciou o fato para o RH na época, mas não obteve sucesso. A ex-funcionária chegou a trocar de setor depois de ter denunciado o assédio; meses depois, porém, voltou a ser chefiada por Cereto e teria passado novamente por situações como a que havia denunciado.
Os autos do processo resumem o depoimento de uma das testemunhas:
“Uma vez, a autora comunicou (no final de 2012) uma discussão com Carlos ao RH e a superiores dele, ocasião em que a autora foi deslocada para outra área, retornando alguns meses depois a ser novamente subordinada a Carlos, pois este passou a coordenar também a área que a autora tinha se deslocado; nessa época, o depoente não estava mais no setor; que presenciou a autora comunicando ao superior, sendo que a comunicação ao RH foi a autora que disse ao depoente; que posteriormente a autora voltou ao Arena SporTV, mas o depoente não presenciou; que Carlos já gritou com o depoente e que já reclamou aos seus superiores; que Carlos enviava mensagens para o depoente e a autora por WhatsApp, e-mail e também telefonava, em qualquer horário do dia e da noite, mas com relação às ligações o depoente não presenciou, mas presenciou os e-mails, pois recebia cópia do mesmo e-mail; que o depoente recebeu ligações de Carlos de madrugada”.