
A Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), realizou um procedimento no início da semana, de isolamento de células-tronco do cordão umbilical no momento do nascimento do bebê. O serviço é ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), por meio do Brasilcord e em parceria com a MEJC, que acolhe as mães gestantes e o Hemocentro do Ceará (Hemoce), responsável pelo armazenamento do material no Nordeste e integrante da rede de bancos públicos de cordão.
Na MEJC, o procedimento é realizado pelo professor Gustavo Oliveira, do Laboratório de Hematologia do Hemonorte. Farmacêutico e Bioquímico com mestrado e doutorado nas áreas de genética e biotecnologia, o especialista vem realizando, há dois anos, esse procedimento para tratamento de crianças com doenças do sangue, em atendimento na Liga Contra o Câncer e no Hospital Infantil Varela Santiago, atuando de forma voluntária nas coletas do Brasilcord.
O sangue do cordão umbilical é coletado imediatamente após o nascimento do bebê, de onde são obtidas as células-tronco. De acordo com Gustavo, após o parto, seja natural ou cesárea, o material é colhido e levado ao laboratório de hematologia do Hemonorte, onde é feita a estabilização destas células, sendo posteriormente enviado ao Hemoce para a guarda em criopreservação, processo que congela o material a -196 graus.
“Os pacientes que me procuram para o serviço de isolamento das células tronco são encaminhados pela equipe de onco-hematologia pediátrica do Hospital Varela Santiago ou da Liga. Geralmente são crianças portadoras de leucemia cujas mães engravidaram; então se colhe o sangue do cordão para transplante do irmão doente”, explica Gustavo.
“Este é o único uso deste material atualmente, e a MEJC é fundamental nesse processo, pois aqui temos toda ambiência necessária para realizar o procedimento de forma estéril”, completa.
O transplante é indicado para pacientes com leucemias, linfomas, anemias graves, anemias congênitas, hemoglobinopatias, imunodeficiências congênitas, mieloma múltiplo, além de outras doenças do sistema sanguíneo e imune.
Para ser doadora a gestante precisa atender a critérios específicos. Entre eles, deve ter de 18 a 36 anos, ter feito no mínimo duas consultas de pré-natal documentadas, estar com idade gestacional acima de 35 semanas no momento da coleta e não possuir, no histórico médico, doenças neoplásicas (câncer) e ou hematológicas (anemias hereditárias, por exemplo).