
Mesmo denunciado em julho de 2024 por envolvimento em um esquema de desvio de recursos públicos, o juiz Glauco Coutinho Marques continuou atuando na comarca de Gurinhém (PB) até ser afastado somente em dezembro, após ser alvo da operação Retomada. A denúncia, feita pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB), inclui também a esposa do magistrado, então secretária de Saúde de Itabaiana (PB), apontada como peça-chave no esquema.
Segundo o MP, o casal teria recebido “mesadas” oriundas dos desvios, o que a defesa nega. A apuração integra a operação Pote de Ouro e encontrou dois cheques em nome do juiz entre os documentos apreendidos.
Durante os cinco meses entre a denúncia e o afastamento, Glauco Marques proferiu diversas decisões favoráveis a associações investigadas por obter vantagens indevidas contra aposentados — foco da Retomada. Um dos casos chamou atenção pela velocidade: uma sentença foi proferida apenas 16 minutos após o protocolo da ação, em um sábado.
Em fevereiro de 2025, essa decisão foi anulada pela Justiça, que constatou que os supostos beneficiários não tinham qualquer vínculo com a comarca ou com a Paraíba.
A defesa do juiz alega que os valores recebidos eram pagamentos de empréstimos feitos pela esposa, e que o casal desconhecia a origem ilícita. Sobre a operação Retomada, o advogado afirma que não há provas de envolvimento de Glauco com os advogados das associações e que ele apenas homologou acordos regulares.
Até o momento, o Tribunal de Justiça da Paraíba não se pronunciou oficialmente sobre a permanência do juiz no cargo após a denúncia.