Palácio do Planalto militarizado sob Bolsonaro incomoda Legislativo

14 de Fevereiro 2020 - 08h18
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O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta quinta-feira (13) o general do Exército Walter Souza Braga Netto para o comando da Casa Civil, a pasta mais prestigiosa do Executivo.

Onyx Lorenzoni, ex-integrante do núcleo duro e ideológico do Palácio do Planalto, assume o Ministério da Cidadania. Osmar Terra deixa a Esplanada e volta para a Câmara dos Deputados.

A alteração, que consolida o aumento da influência do núcleo militar no governo, é feita num momento em que o presidente tenta elevar o ritmo de entregas do Executivo.

O convite para Braga Netto comandar a Casa Civil foi antecipado nesta quarta (12) pela Folha —que, na semana passada, adiantou também que as mudanças envolvendo Onyx e Terra deveriam ocorrer.

Com Braga Netto, a cúpula do Palácio do Planalto terá o terceiro oriundo das Forças Armadas —e, como militar, tem ainda o major reformado da PM Jorge Oliveira na Secretaria-Geral.

Bolsonaro exaltou a alteração afirmando que "ficou completamente militarizado o meu terceiro andar [do Palácio do Planalto]".

A decisão de colocar mais um militar na cúpula, no entanto, gerou forte insatisfação no Poder Legislativo. Para congressistas, ao aumentar o núcleo militar, o presidente ensaia um isolamento político. Deputados e senadores já anteveem o risco de piorar ainda mais a já difícil relação com o Congresso.

O militar quatro estrelas foi nomeado com o objetivo de imprimir um novo perfil à Casa Civil. A ideia é reforçar a atribuição gerencial da pasta e afastá-la de vez da articulação política.

Folha de S. Paulo