Pobre mãe querida

09 de Maio 2021 - 07h47
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No fim dos anos 60, jogaram o Deportivo versus Aucas pelo campeonato nacional equatoriano. A cidade de Quito em festa. Partida importante. Estádio Chillogallo, de mando de campo do Aucas, lotado.

Por infelicidade do destino, a mãe do árbitro escalado para o jogo havia morrido dias antes. Mesmo abalado, o juiz confirmou sua presença e disse que faria daquela a partida mais importante da sua vida, em homenagem a sua recém falecida genitora.

Antes do jogo, um minuto de silêncio e o homem de preto, cabisbaixo no meio do campo, recebeu o efusivo aplauso do público ao final.

Com quinze minutos de jogo, explosão de alegria no estádio: gol do Aucas. Porém, o árbitro, em tempos que não havia VAR, incontinenti, alega impedimento do atacante e anula o gol.

A multidão se esquece da recente finada homenagem antes da partida e brada com todos os seus pulmões em uníssono:

- Órfão da puta!!!!   

Créditos de imagens e informações para a criação do texto: “Futebol ao sol e à sombra” (Eduardo Galeano)