Programa da Record recebe lição de jornalismo da filha de homem assassinado

10 de Junho 2020 - 02h55
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A cobertura de um assassinato nesta terça-feira (09) expôs mais uma vez os péssimos métodos do "Cidade Alerta". Graças à indignação da filha da vítima, a repórter que acompanhou o caso e o apresentador do programa foram protagonistas, ao vivo, de um vexame de grandes proporções.

O crime foi apresentado inicialmente como: "Urgente: Agiota é encontrado morto. Há relatos de briga com a amante". Diante da casa da vítima, a repórter Luiza Zanchetta entrou ao vivo, entrevistando a filha do homem assassinado.

A moça imediatamente protestou contra a qualificação do homem como "agiota" e deu uma primeira lição: "Eu perdi meu pai hoje e não estou vendo um pingo de respeito aqui. Vocês falando que ele é agiota, gente! Como assim, qual é essa informação? Da onde vocês tiraram isso, por favor? Eu acho que vocês têm que ter um pingo de consideração!"

Dirigindo-se ao apresentador Luiz Bacci, a repórter disse: "A polícia não confirma essa informação, Bacci, mas eu conversei com vizinhos que conhecem bem o Josenildo". Neste momento, a legenda já havia mudado para: "Urgente: Josenildo encontrado morto. Há relatos de brigas com a amante".

A jovem, chamada Amanda, deu então uma segunda lição: "Nem o nome vocês estão passando direito, gente, como vocês vão passar a profissão do meu pai? Meu pai tinha casa de aluguel e o nome dele é Josivaldo".

A repórter insistiu na defesa de sua informação, obtida junto a "vizinhos", de que o pai de Amanda era agiota: "Tudo bem, mas você concorda que a gente não pode descartar essa possibilidade?"

Foi, então, que a jovem deu a terceira e mais importante lição ao jornalismo da emissora: "Vocês não podem afirmar uma coisa. De repente, vocês vêm com suposições de vizinho? Achei que o jornalismo da Record era mais responsável".

O apresentador tentou contemporizar: "Amanda, eu entendo a sua dor. Nós chegamos agora aí. É claro que é o de menos se ele era ou não agiota". Mas o estrago já estava feito: "Sim, mas acho que há um pingo de respeito que tem que ter, pô! Eu estou sentindo uma dor aqui, cara, não sei se você tem o seu pai ou não. Mas tiraram a vida do meu pai, gente, e vocês vêm falar essas merdas!"

Fonte: Uol