Anistia é perdão e o 8 de Janeiro é imperdoável, afirma Barroso, presidente do STF

28 de Abril 2025 - 17h25
Créditos: Rosinei Coutinho/STF

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, disse não concordar com a possibilidade de anistiar os envolvidos nos atos do 8 de Janeiro porque, segundo ele, “anistia é perdão, e o que aconteceu é imperdoável”.

Ele declarou, porém, que o Congresso tem o direito de redimensionar a extensão das penas para os crimes investigados, pois está “dentro da sua competência”.

“O Supremo aplicou a legislação editada pelo Congresso nos julgamentos do 8 de Janeiro. A solução para quem acha que as penas foram excessivas é uma mudança na lei. Não acho que seja o caso de anistia, porque anistia significa perdão. E o que aconteceu é imperdoável. Mas redimensionar a extensão das penas, se o Congresso entender por bem, está dentro da sua competência”, afirmou Barroso, em entrevista ao Globo, publicada neste domingo (27).

Barroso disse ainda não se importar com a pressão sobre o Supremo para reavaliar as penas dos envolvidos. Sobre o projeto de anistia na Câmara dos Deputados, declarou estar aberto ao diálogo com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), mas ressaltou que o tema ainda não foi discutido por eles.

“Na maior parte dos processos (do 8 de Janeiro) ainda nem aconteceu a condenação […] O que tenho ouvido, que é um sentimento em alguns segmentos, é que as penas estão pesadas. Portanto, se a ideia for ter penas mais leves, é o caso de modificar a legislação”, disse.

Para evitar a coincidência entre o julgamento dos envolvidos e o período eleitoral, Barroso indicou que o ideal seria finalizar as decisões em 2025. Afirmou ser necessário ouvir testemunhas, colher provas e avaliar a possibilidade de realizar o julgamento ainda neste ano.

Questionado sobre a possibilidade de a Câmara fazer propostas contra o Supremo, Barroso contestou a ideia e disse que a Casa Baixa está “cumprindo o seu papel” de ser uma “caixa de ressonância das preocupações da sociedade”.

“Nossas relações com o Congresso são as melhores possíveis. Mas isso não significa necessariamente concordância em tudo. O que me preocupa é o extremismo, a atuação antidemocrática. O Congresso, que já sofreu com uma ditadura, sabe a importância de jogar de acordo com as regras”, afirmou.

Poder360