
A Justiça da Alemanha emitiu um pedido de prisão nesta quinta-feira (30) de uma ex-secretária do comando das tropas SS de um campo de concentração em Stutthof que faltou ao começo do seu julgamento —a mulher, de 96 anos, é acusada de ter auxiliado 11 mil homicídios. A acusada foi encontrada no mesmo dia.
O juíz do caso, Dominik Gross, disse que a corte emitiu um mandado de prisão contra a mulher quando ela estava desaparecida.
"Um médico vai determinar se pode ser detida, e o tribunal decidirá depois se a ordem de detenção será executada ou não", afirmou a porta-voz do tribunal, Frederike Milhoffer.
Ela deixou a casa onde ela vive de táxi na quinta-feira (29) pela manhã e foi a uma estação de metrô na periferia da cidade de Hamburgo, de acordo com informações de Milhoffer.
Os promotores afirmam que a mulher era parte de um esquema que auxiliava o funcionamento do campo nazista durante a Segunda Guerra, há mais de 75 anos.
A corte afirmou que antes do processo, a ré supostamente teria ajudado e incitado os responsáveis pelo campo no assassinato sistemático dos presos entre junho de 1943 e abril de 1945 em sua função como estenógrafa e datilógrafa no escritório do comandante do campo.
Como ela tinha menos de 21 anos na época, a mulher, que hoje tem 96, responde a ação em uma corte juvenil. Segundo a mídia alemã, ela se chama Irmgard Furchner.
Ré tentou escapar da prisão dizendo que não tinha saúde
Em Jerusalém há uma organização que busca levar nazistas e colaboradores à Justiça chamada Simon Wiesenthal.
O líder dessa organização, Efraim Zuroff, disse que antes de fugir a ré havia tentado escapar do julgamento alegando que ela estava em um estado de saúde frágil para comparecer à corte. "Aparentemente, não era bem o caso", disse Zuroff.
"Se ela é saudável para fugir, é saudável para ir para a prisão", afirmou ele. A fuga também deve ser levada em conta na hora de decidir qual será a pena, segundo Zuroff.
Há jurisprudência estabelecida de condenações de pessoas que trabalharam em campos de concentração como auxiliares que foram condenados, mesmo sem evidência de que eles tenham participado de algum crime específico.
Advogado diz que cliente trabalhava lá, mas não sabia dos assassinatos
O advogado que a represente disse à revista "Der Spiegel" que tentaria construir o caso na dúvida a respeito da ciência, por parte da ré, das atrocidades que foram cometidas no local de trabalho dela.
"Minha cliente trabalhou no meio de homens das tropas SS que tinham experiência com violência, no entanto, isso significa que ela compartilhava o que eles sabiam? Isso não é necessariamente óbvio", disse o advogado Wolf Molkentin.
De acordo com outras publicações da mídia, a ré já havia sido interrogada como testemunha durante os julgamentos anteriores e disse na época que o ex-comandante da SS em Stutthof, Paul Werner Hoppe, ditava cartas diárias e mensagens de rádio para ela.
Furchner disse que não sabia dos assassinatos que ocorreram no campo enquanto ela trabalhava lá.
Com informações do G1