Após reunião, direção do ABC deve rescindir contrato polêmico

02 de julho 2025 - 10h37
Créditos: Divulgação

 

O presidente do ABC Futebol Clube, Eduardo Machado, acenou com a possibilidade de rescindir o contrato de prioridade de venda de um terreno de 37 mil metros quadrados pertencente ao clube. A decisão teria sido tomada após reunião com o Conselho Deliberativo, cujos membros contrários à alienação do patrimônio, apresentaram argumentos fortes contra o negócio.

Um relatório técnico-jurídico elaborado pelos conselheiros Renato Gomes Netto e Wilson Luiz Cardoso, membros da Câmara de Patrimônio do Conselho Deliberativo, apontou que o impacto financeiro do acordo poderia representar uma perda potencial de R$ 77,7 milhões. O valor foi calculado com base na diferença entre o preço de mercado estimado e a proposta de compra apresentada, que foi de R$ 25.921.693,00 — considerando o metro quadrado avaliado em apenas R$ 700.

Segundo os autores do relatório, o valor justo do metro quadrado seria de R$ 2.800, o que elevaria o valor total da área para aproximadamente R$ 103,6 milhões. De acordo com os conselheiros, a avaliação feita pela empresa interessada na compra subestimou significativamente o valor real do terreno.

Antes mesmo da reunião do Conselho Deliberativo, Eduardo Machado se reuniu com a diretoria e sua assessoria jurídica. Ao abrir o encontro com os conselheiros, anunciou sua decisão de romper o contrato. Segundo Wilson Cardoso, a medida ajudou a acalmar os ânimos e permitiu que a reunião transcorresse de forma tranquila.

Com a rescisão do contrato, o clube terá de devolver os R$ 1 milhão já antecipados pela empresa. Para evitar um impacto ainda maior no caixa do ABC — que está em processo de recuperação judicial — o Alvinegro deverá buscar alternativas para compensar esse valor antecipado.

Entre as propostas apresentadas estão a negociação do aluguel do espaço onde a empresa pretendia instalar um estande de vendas, com o valor sendo abatido da quantia a ser devolvida, e a cessão de espaços publicitários no clube, permitindo que a empresa promova a venda de unidades do empreendimento que está construindo nos arredores da sede. Outras alternativas ainda serão discutidas, com o objetivo de preservar o equilíbrio financeiro do clube.

Outro ponto crítico do relatório técnico-jurídico é o risco de desvalorização do terreno caso ele seja fracionado. A proposta de construção de uma rua ligando o empreendimento à Rota do Sol poderia reduzir o valor da área entre 10% e 30%, resultando em um prejuízo mínimo estimado de R$ 10,36 milhões.

Além disso, a divisão comprometeria a integração entre as Subáreas A e B, consideradas estratégicas para futuras expansões ou projetos de uso misto, como hotéis, shoppings e centros de convenções.

Fonte: Tribuna do Norte