Dia D: A relação de Natal com a "Operação Overlord"

06 de Junho 2021 - 02h21
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Muitas pessoas não fazem ideia de como a cidade de Natal, na costa leste do nordeste do Brasil, foi relevante para o esforço o aliado durante a Segunda Guerra Mundial. A tomada da Normandia, na França, em junho de 1944, é um dos fatos que estreita essa relação de importância da base aérea de Natal, também conhecida por Parnamirim Field.

O desembarque das tropas aliadas, em 6 de junho de 1944, é considerado um dos episódios mais importantes do período e resultou na libertação da Europa que estava ocupada pelo regime nazista de Adolf Hitler. Para compreender esta afirmação, podemos exemplificar com números de meios e recursos humanos nesta operação, que recebeu o codinome de “Overlord”:

  • Mais de 7.000 navios, sendo 1.213 naus de guerra e mais de 4.000 de desembarque;
  • 132 mil homens desembarcaram nas praias;
  • 24 mil paraquedistas;
  • 10.000 veículos terrestres transportados;
  • 4.000 mortos entre os aliados, apenas no Dia D;
  • 9.000 feridos ou desaparecidos;
  • 12.000 aeronaves utilizadas entre aviões de carga e combate.

Para esse post, o que interessa é justamente o último item, pois Parnamirim Field foi amplamente utilizada, principalmente nos meses que antecederam o Dia D, no transporte de pessoal, mantimentos e aviões, sobretudo os de carga. Dezenas de esquadrões, ligados a 8ª e 9ª Força Aérea do Exército dos Estados Unidos tiveram que descer até a América do Sul, cruzar o Atlântico até a África e seguir para Inglaterra. Podemos citar os 437th, 445th e 454th Bombers Group, que operavam os C-47.

Correspondência do 454th Bomb Group enviada de Natal (Acervo Fred Nicolau / Centro Cultural Trampolim da Vitória)

O Dia D começou a ser planejado ainda no primeiro semestre de 1943 e por conta do mau tempo que obrigava o fechamento da rota norte, que saía dos EUA direto para a Inglaterra, a rota do sul passou a ser vital. Em setembro de 1943, uma correspondência do Exército americano, endereçada ao alto comando a pedido do General “George”, comandante do Air Transport Command (ATC), alertava para esta necessidade de mudança de rota já em outubro de 1943.

Os números são impressionantes, uma vez que a 8ª Força Aérea receberia 825 aeronaves, entre outubro e dezembro daquele ano. Enquanto que a 9ª Força Aérea, tinha previsão de outros 130. Ou seja, seriam quase mil, para esquadrões que operavam a partir da Inglaterra e estariam envolvidos na operação futura. Não contabilizamos os meios entregues à 20ª e 40ª Forças Aéreas do Exército, nem as fornecidas aos britânicos, chineses e russos, que também passaram por Natal ao mesmo tempo.