
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) deve recomendar ao governo o retorno do horário de verão para reforçar o atendimento da demanda elétrica no período noturno de 2025. A medida pode gerar até 2 gigawatts (GW) extras no Sistema Interligado Nacional (SIN). A decisão precisa ser tomada até agosto para que a mudança possa ser aplicada a tempo.
Segundo Alexandre Zucarato, diretor de Planejamento do ONS, o Plano de Operação Energética (PEN) 2025-2029 mostrou agravamento do déficit de potência — capacidade do sistema de atender os picos de consumo. Ele alerta que o problema, antes previsto para o futuro, já se tornou realidade.
Embora a capacidade instalada suba de 232 GW para 268 GW entre 2025 e 2029, o crescimento é puxado por fontes intermitentes, como a energia solar, que não atende à ponta de consumo noturna. A geração solar distribuída deve crescer de 35 GW para 64 GW, mas não fornece potência firme.
Em 2024, não houve leilões para contratar energia firme, apesar das recomendações do ONS desde 2021. Agora, só será possível contratar nova capacidade a partir de 2026.
Como medidas emergenciais, o ONS também prevê importar até 2,5 GW de energia de países vizinhos e aumentar a chamada resposta da demanda — com consumidores sendo pagos para reduzir consumo nos horários críticos. Em 2023, isso gerou economia de apenas 100 MW.
Se as chuvas atrasarem, os meses mais críticos serão outubro e novembro. Zucarato alerta que não há tempo hábil para ações estruturais até 2025, e que a situação exige soluções urgentes.