Idoso mantinha mulher e filha doentes em casa meses sem água ou banho

22 de Maio 2025 - 18h27
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Uma mulher de 69 anos e a filha dela, de 32 — ambas com deficiência intelectual leve — foram resgatadas de uma situação de violência física, psicológica e sexual no município de Guararema, no interior de São Paulo. As duas viviam em condições degradantes com Izildo Rodrigo Soares de Moura, de 74 anos, marido da mulher e pai da jovem, que é investigado por estupro de vulnerável e maus-tratos.

A denúncia foi formalizada em março deste ano, após relatos feitos por vizinhos e pessoas próximas à família. As vítimas foram retiradas da casa onde viviam, em área rural, após pedido da equipe de Assistência Social da Prefeitura de Guararema, acolhido pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP).

De acordo com a promotora de Justiça Anna Paula Grossi, que acompanha o caso, as mulheres estavam submetidas a uma situação de intensa subordinação, agravada pelas deficiências cognitivas e pela condição de esquizofrenia da filha. Segundo o MP, as denúncias apontam para uma convivência marcada por anos de abusos, em que Izildo impedia o acesso das vítimas a serviços públicos de saúde e assistência.

“A Assistência [Social] narrou indícios de diversas formas de violação de direitos humanos, inclusive crime sexual, mas toda vez que tentaram intervir, por anos, o senhor impedia a equipe de entrar no imóvel ou levá-las a qualquer serviço público”, relatou a promotora.

O cenário encontrado pela equipe de resgate foi descrito como "chocante". As vítimas estavam há meses sem tomar banho, vestiam as mesmas roupas e apresentavam sinais de extrema negligência. Segundo o relato, animais mortos foram encontrados nos cabelos das mulheres.

“A situação aparentava que viviam ‘na idade da pedra’. Sequer se higienizavam, e ele [Izildo] entendia isso como algo normal”, afirmou Anna Paula Grossi.

As vítimas foram levadas inicialmente a um hospital, onde receberam atendimento médico e cuidados de higiene. Em seguida, foram acolhidas em uma residência inclusiva, conforme decisão liminar do Ministério Público.

Izildo Rodrigo Soares de Moura segue em liberdade enquanto o caso é investigado pela Polícia Civil. Ele pode responder por crimes de estupro de vulnerável e maus-tratos. Até o momento, a defesa dele não se manifestou. O espaço permanece aberto para posicionamento.