INSS estima mais de 4 milhões de possíveis vítimas de descontos irregulares

02 de Maio 2025 - 17h45
Créditos: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) apontam que cerca de 4,1 milhões de beneficiários podem ter sido prejudicados por descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões. 

Esses beneficiários possuem contratos ativos com 11 entidades atualmente investigadas por fraudes. Segundo a Controladoria-Geral da União (CGU), 97,6% das vítimas ouvidas disseram não ter autorizado os débitos. O número total de atingidos só será confirmado ao fim das investigações.

Reunião para definir ressarcimento

O novo presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, se reúne nesta sexta-feira (2) com o advogado-geral da União, Jorge Messias, para discutir como será feito o ressarcimento às vítimas. A reunião será na sede da AGU, em Brasília, com participação de servidores da Dataprev.

De acordo com o blog da colunista Ana Flor (g1), o presidente Lula deu carta branca para que Waller reestruture o INSS e adote medidas necessárias após o escândalo.

Na última quarta (30), Lula prometeu, em pronunciamento em rede nacional, que o governo irá garantir o reembolso das cobranças indevidas. “Determinei à Advocacia-Geral da União que as associações que praticaram cobranças ilegais sejam processadas e obrigadas a ressarcir as pessoas que foram lesadas”, declarou.

Fraude bilionária

Uma operação da Polícia Federal revelou um esquema de fraudes envolvendo aposentadorias e pensões do INSS. Associações de aposentados cadastravam beneficiários sem consentimento, muitas vezes com assinaturas falsas, e aplicavam descontos mensais diretamente no contracheque.

O prejuízo estimado é de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. O INSS mantinha acordos com 39 entidades, que associaram 6,6 milhões de pessoas — as irregularidades, até agora, foram detectadas em 11 delas.

O escândalo resultou na exoneração do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, além do afastamento de servidores e prisão de seis pessoas. Um dos principais alvos é Antonio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, apontado como lobista do esquema e acusado de lavar dinheiro por meio de empresas do grupo.