
Questionado sobre a possibilidade de seu retorno ao Flamengo, o reinador Jorge Jesus foi sincero.
"Quero voltar, sim. Mas não depende só de mim. Posso esperar até pelo menos o dia 20. Depois disso, tenho que decidir minha vida.", respondeu ao colunista do UOL, Renato Maurício Prado
Enquanto a bola rolava, o Mister confessou que, atualmente, não costuma, nem gosta muito de ver os jogos do Flamengo ao vivo. Prefere assistir às reprises, já sabendo do resultado:
"Esse time ainda mexe comigo. Me incomoda vê-lo em dificuldades. Tenho certeza de que se eu tivesse continuado teríamos conseguido uma longa hegemonia por aqui. Estávamos bem à frente dos demais."
Questionado do motivo pelo qual não continuou no comando do rubro negro carioca, Jesus responde:
"A pandemia me afetou demais. Foi algo absolutamente inesperado e devastador. Fiquei completamente só. Um funcionário deixava a comida na soleira da porta do meu apartamento e saía correndo. Parecia que eu estava vivendo num leprosário. Era muito difícil. Por isso, quando surgiu o convite do presidente do Benfica, um velho amigo, aquela me pareceu a melhor opção. Inclusive para voltar a viver perto da minha família."
O treinador ainda comenta sobre a visita dos dirigentes do Flamengo, Marcos Braz e Bruno Spindel, à Portugal, onde estiveram reunidos em sua casa, no final do ano passado.
"A conversa foi superficial e em momento algum me fizeram um convite ou, ao menos, me perguntaram se eu queria voltar. E aquele era um momento difícil, pois se eu pedisse demissão do Benfica, teria que pagar uma multa de 10 milhões de euros. Por isso, tinha sugerido que só viajassem para Portugal em final de janeiro, quando a situação seria mais fácil para negociar. Mas quiseram ir em dezembro e a sensação que tenho é que, quando me visitaram, já tinham tomado a decisão de contratar o Paulo Sousa. Foram apenas cumprir uma obrigação social comigo."
Mas respondendo objetivamente à pergunta:
Braz e Spindel não me convidaram para voltar em dezembro."
Jesus se queixou ainda de que a visita dos cartolas rubro-negros em dezembro só criou problemas para ele:
"Foram ver um jogo do Benfica no camarote do Porto, deram várias entrevistas, criaram uma balbúrdia desnecessária. Se me quisessem mesmo, teriam ido em janeiro, como sugeri, e poderíamos ter nos acertado."
Convites não faltaram a Jorge Jesus desde que ele saiu do Benfica. Além do turco Fenerbache, que lhe acena com um cheque em branco, ele confirma que Atlético Mineiro, Corinthians e Fluminense lhe fizeram propostas. Mas diz que as recusou por um motivo singelo:
"No Brasil, só me interessa treinar o Flamengo. Já basta o que sofri, em Portugal, por trocar o Benfica pelo Sporting."
Há, entretanto, outra possibilidade por aqui. A seleção brasileira. E ao falar da hipótese de substituir Tite seus olhos brilham.
Treinar a seleção do Brasil seria um sonho. É o tipo do convite irrecusável."
Com informações de UOL