
Assistir hoje em dia a um jogo de futebol na TV sem ouvir um palavrão é difícil, apesar da “ginástica” feita pelos operadores de áudio, afinal, os diversos microfones espalhados pela lateral do campo são capazes de captar qualquer ruído.
E é inegável que não existe “foro” mais apropriado para soltar palavrão do que um estádio de futebol. É lá que o lado primitivo do cérebro se sobressai.
Em 2015, viralizou a frase do jogador Marinho, então no Ceará, ao ser comunicado que o cartão amarelo que tinha levado ao comemorar o gol marcado retirando a camisa iria deixá-lo de fora do jogo seguinte: “Que merda, hein!!”, disse o atleta.
Na cerimônia de entrega da conquista da Copa do Mundo de 1994, assistida ao vivo por milhões de pessoas no mundo inteiro, a leitura labial do capitão Dunga antes de erguer a taça foi clara na tentativa de sepultar de vez o fantasma da “Era Dunga” maximizada na Copa de 1990: “É para vocês, seus filhas da puta”!
E a primeira vez que os telespectad ores do Brasil ouviram um palavrão, ao vivo, assistindo um jogo de futebol???
Em 1955, a TV Record transmitia em São Paulo o jogo entre Corinthians e Santos, válida pelo Torneio RJ x SP. Silvio Luiz era repórter de pista e viu quando o jogador Luizinho, do Timão, o “Pequeno Polegar” foi expulso da partida. O repórter correu para junto do jogador quando este saiu das quatro linhas, colocou o microfone à frente e pegou a primeira reação do jogador:
- Foi tudo culpa daquele gaveteiro “filho da puta”!!!
Silêncio sepulcral após a declaração do corinthiano.
Já em 1969, houve a notícia que o jornalista João Saldanha assumiria o comando técnico da seleção brasileira. A repercussão foi negativa entre os próprios companheiros de profissão de Saldanha, com a imprensa esportiva da época protestando sobre a inovação.
Logo se abriram os debates no rádio e na TV a respeito da novidade e a tônica era uma só, seja na imprensa paulista quanto carioca: a crítica a indicação de um jornalista para treinador de uma seleção bicampeã do mundo e que precisava se refazer do fracasso de 1966.
Coube ao jornalista Geraldo Bretas o primeiro “puta-que-o-pariu” dito ao vivo num programa de debates com jornalistas paulistas da TV Tupi de São Paulo.
Crédito de informações para criação do texto: Os donos do espetáculo. Histórias da imprensa esportiva do Brasil (André Ribeiro)