Por que Ney Matogrosso foi cortado da cinebiografia de Cazuza

25 de Junho 2025 - 07h13
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Com o sucesso de Homem com H, que retrata a vida e carreira de Ney Matogrosso, muitos ainda não entendem o motivo pelo qual o cantor de Sangue Latino não foi sequer mencionado em Cazuza — O Tempo Não Pára (2004).

Cazuza e Ney Matogrosso tiveram um relacionamento amoroso em 1983 por “três intensos meses”, como Ney mesmo descreve. Mas a relação entre os dois durou muito mais que isso: foi Matogrosso o responsável pela direção artística da última turnê de Cazuza, que dá nome ao filme estrelado por Daniel Oliveira. Também foi Matogrosso o primeiro nome da MPB a gravar uma música do Barão Vermelho, o sucesso Pro Dia Nascer Feliz.

Na autobiografia Vira-Lata de Raça, Ney Matogrosso fala com ressentimento sobre a sua ausência na obra dirigida por Sandra Werneck e Walter Carvalho.

“Quando me lembro do filme que fizeram sobre ele, eu fico triste. Não é falar mal, mas é muito reducionista. Ele era muito mais do que aquilo que tentaram retratar, isso me incomoda. É impossível descrever a vida de um ser humano em um filme, mas quem conhece a história real fica chocado com o resultado. Cadê você no filme, Ney?, me perguntam o tempo todo. Essa é a pergunta que todos fazem, e que a diretora e o produtor do filme devem responder”, lamentou o artista.

Ney ainda conta que a diretora Sandra Werneck foi a sua casa, momento em que ele contou tudo para ela, desde o momento em que conheceu Cazuza até o último dia em que se viram.

“Falei de toda a nossa trajetória e nosso amor. Depois me disseram que eu era um personagem tão grande que não cabia no filme. Eu amei e dirigi o último show do Cazuza, quando ele já estava muito doente, além de convencê-lo a terminar com ‘O Tempo Não Pára’, que se tornou um hino da contracultura”.

A própria mãe de Cazuza, Lucinha Araújo, lamentou a ausência de Ney Matogrosso na obra. “Senti muita falta do Ney no filme, inclusive há uma entrevista dele emocionante em meu livro”, disse Lucinha, autora de Só as Mães São Felizes, onde relata fatos marcantes com o seu único filho.

À época, Sandra deu a sua versão da história: “Ele teria tão pouco espaço que eu não ia conseguir dar a dimensão real da relação do Cazuza e do Ney, que aparecia em apenas duas ou três cenas do filme”.

Com informações de Metrópoles