
Mesmo envolvida em denúncias de desvio de recursos públicos e uso político de verbas culturais, Anne Moura, atual secretária nacional de Mulheres do PT, foi nomeada para coordenar as eleições internas do partido em 2024. A decisão ocorre em meio a investigações e áudios vazados que colocam sua conduta sob escrutínio.
Em comunicado oficial, o PT do Amazonas afirmou que a escolha “reforça o protagonismo da militância amazonense” no cenário nacional. Anne acumulará a nova função com a atual secretaria e ainda disputará a presidência do diretório estadual do partido.
A nomeação acontece pouco tempo após a revelação de gravações comprometedoras feitas por um ex-aliado, Marcos Rodrigues, ex-presidente de uma ONG ligada a Anne. No áudio, divulgado pelo Estadão, ela pede que recursos de um projeto de qualificação profissional para jovens sejam desviados para sua campanha a vereadora em 2024. Apesar da tentativa, Anne não foi eleita.
“Esse dinheiro já pode ser recebido? [...] Vamos acelerar isso aí que isso já me ajuda muito. Eu estou contando os centavos”, diz Anne no áudio, ao tratar dos recursos públicos.
Além disso, outra gravação aponta que a petista teria declarado que os comitês de cultura criados pelo governo Lula estariam sendo usados com aval da ministra da Cultura, Margareth Menezes, para fins eleitorais. O Ministério da Cultura, porém, negou qualquer envolvimento e bloqueou temporariamente repasses ao comitê do Amazonas, onde as supostas irregularidades teriam ocorrido.
Anne se defende afirmando que os áudios foram tirados de contexto e que seu ex-aliado tenta prejudicá-la por motivos políticos. A ONG fundada por ela, o Instituto Iaja, é alvo de um relatório técnico do Ministério do Trabalho que apontou “várias irregularidades financeiras”.
Apesar das controvérsias, o PT nacional não apenas manteve Anne Moura em seus cargos como a alçou a um posto de destaque num dos processos internos mais estratégicos do partido.