Moraes discute com Aldo Rebelo em audiência no STF e faz ameaça: ‘Se o senhor não se comportar, vai ser preso por desacato’

23 de Maio 2025 - 16h19
Créditos: Igo Estrela/Metrópoles | Pedro França/Agência Senado

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), repreendeu nesta sexta-feira (23) o ex-ministro e ex-presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo, durante depoimento no processo que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder.

Rebelo foi convocado como testemunha de defesa na ação que apura a participação de membros do alto escalão do governo Bolsonaro, como o ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, e o ex-ministro Walter Braga Netto, em uma articulação para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

Durante a oitiva, Aldo Rebelo foi questionado sobre uma declaração atribuída ao ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, de que teria colocado tropas à disposição do então presidente da República. Ao responder, Rebelo recorreu a um argumento linguístico, afirmando que a expressão poderia ser interpretada como uma "força de expressão" e não de forma literal.

“É preciso levar em conta que na língua portuguesa nós conhecemos aquilo que se usa muitas vezes que é a força da expressão. [...] Quando alguém diz ‘estou a disposição’, a expressão não precisa ser lida literalmente”, disse o ex-ministro.

A resposta gerou uma reação imediata de Moraes, que o interrompeu de forma enérgica:
“O senhor estava na reunião quando o almirante Garnier disse a expressão? Então o senhor não tem condição de avaliar a língua portuguesa naquele momento. Atenha-se aos fatos”, disse o ministro.

Rebelo rebateu, afirmando que não aceitaria censura em sua forma de se expressar:
“Em primeiro lugar, a minha apreciação da língua portuguesa é minha e eu não admito censura.”

O ministro retrucou:
“Se o senhor não se comportar, o senhor será preso por desacato.”

“Estou me comportando”, respondeu Rebelo.
“Então se comporte e responda à pergunta”, finalizou Moraes.

A audiência foi conduzida pela Primeira Turma do STF, que iniciou nesta sexta-feira a oitiva de testemunhas de defesa dos investigados. As investigações se concentram na suposta elaboração de um plano para anular o resultado das eleições de 2022 e manter Bolsonaro no poder, com apoio de setores das Forças Armadas.