OMS: mais um tipo de câncer é ligado ao consumo frequente de álcool

18 de Junho 2025 - 08h27
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Um novo estudo da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) da Organização Mundial da Saúde (OMS) associou o consumo frequente de álcool ao aumento do risco de um novo tipo de câncer: o de pâncreas.

O consenso científico internacional já indicava que tumores de mama (em mulheres), intestino, esôfago, laringe, fígado, boca e garganta estavam ligados ao consumo de álcool e havia a suspeita de ligação ao tumor de pâncreas, mas apenas quando associado a infecções de HPV e tabagismo.

Os sintomas do câncer de pâncreas
O câncer de pâncreas só costuma apresentar sintomas quando em estado avançado da doença. Quando aparecem, os sintomas mais comuns são:

Fraqueza.
Perda de peso.
Falta de apetite.
Dor abdominal.
Urina escura.
Olhos e pele de cor amarela.
Náuseas.
Dores nas costas.

Essa variedade de sinais e sintomas não são específicos do câncer de pâncreas, podem aparecer em outros tumores gástricos e até em hepatites avançadas, o que colabora para o diagnóstico tardio da doença.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a diabetes pode ser um fator de risco para o câncer de pâncreas e também uma manifestação clínica que antecede o diagnóstico da neoplasia.

Os novos dados do IARC indicam uma ligação significativa, ainda que modesta, entre a ingestão de bebidas alcoólicas e a doença. A análise reuniu informações de 30 estudos prospectivos em quatro continentes. Quase 2,5 milhões de pessoas foram acompanhadas ao longo de 16 anos. Nesse período, foram registrados mais de 10 mil casos de câncer de pâncreas entre os participantes.

“O consumo de álcool é um carcinógeno conhecido, mas até agora, as evidências que o ligam especificamente ao câncer de pâncreas foram consideradas inconclusivas. No entanto, nossa análise mostrou que a associação entre álcool e risco de câncer de pâncreas se mantém mesmo para não fumantes, indicando que o álcool em si é um fator de risco independente”, diz o investigador Pietro Ferrari, da IARC.

Todos os tipos de bebida contam
A pesquisa mostrou que cada aumento de 10 gramas por dia no consumo de álcool elevou em 3% o risco de câncer pancreático. Uma cerveja padrão de 350 ml, com teor alcoólico de 5%, contém aproximadamente 14 gramas de álcool puro. O estudo também ajustou os resultados para fatores como tabagismo, diabetes e índice de massa corporal.

Entre mulheres que ingeriam entre 15 e 30 gramas de álcool por dia, o risco aumentou 12% em comparação com quem consumia pouco. Para homens, a ingestão entre 30 e 60 gramas diárias elevou o risco em 15%. Acima de 60 gramas, o risco subiu 36%.

As associações foram observadas inclusive em pessoas que nunca fumaram. “O álcool em si é um fator de risco independente”, disse Ferrari. A ingestão de cerveja e destilados teve maior associação com a doença. O mesmo não foi observado com o consumo de vinho.

Câncer letal e diagnóstico tardio
O câncer de pâncreas ocupa a 12ª posição entre os tipos mais comuns da doença no mundo. Ainda assim, ele responde por 5% das mortes relacionadas ao câncer devido à sua alta taxa de letalidade.

No Brasil, segundo o Inca, estima-se que sejam diagnosticados 11 mil casos de câncer de pâncreas ao ano, sendo que a mortalidade anual também é de 11 mil pessoas.

O órgão afetado tem papel vital na digestão e no controle da glicose. A detecção costuma ocorrer em estágios avançados, o que dificulta o tratamento e agrava o prognóstico para os pacientes.

Diferenças entre regiões e tipos de bebida
A análise revelou variações geográficas. Na Ásia, não foi detectada associação estatística entre o consumo de álcool e o câncer de pâncreas. Já na Europa, Austrália e América do Norte, o risco aumentou de forma consistente.

Foram encontradas associações positivas entre o risco da doença e o consumo de cerveja e bebidas destiladas. O consumo de vinho, por outro lado, não mostrou relação clara com o aumento dos casos.

Essas diferenças podem estar ligadas aos hábitos culturais e à forma como o álcool é consumido. O estudo sugere que padrões específicos, como o consumo excessivo ou em idade precoce, merecem atenção.

Com informações de Metrópoles

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