Repetição de sons em crianças pode ser ecolalia; saiba mais sobre o distúrbio 

26 de Agosto 2020 - 06h40
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Você sabe o que é ecolalia? Trata-se de um distúrbio que atinge o desenvolvimento da fala e da linguagem, afetando negativamente as interações verbais principalmente de crianças.

Ela é caracterizada pela repetição imediata ou tardia da própria fala ou de interlocutores, pessoas próximas, personagens fictícios, jingles de tv e internet etc.

De acordo com a fonoaudióloga Maria Tereza Freitas, do Núcleo Desenvolve, o comportamento de repetir sons (ecoar) faz parte do desenvolvimento infantil, sobretudo quando usada com função de comunicação e contextualizado.

"Na medida em que a criança vai ampliando seu repertório verbal, geralmente aos 2 anos, passa a utilizar formas mais sofisticadas e espontâneas de comunicação, devendo ocorrer uma diminuição gradativa da repetição", explica.

Estudos científicos apontam que o autismo está fortemente relacionado à ecolalia, mas não é o único diagnóstico que apresenta este sintoma. "Ela também pode estar presente em outros distúrbios, como na Afasia e no Transtorno de Desenvolvimento da Linguagem (TDL)", completa Maria Tereza. 

O psicólogo Felipe Wandelerley defende que a intervenção ocorra de forma personalizada e transdisciplinar, com profissionais da Fonoaudiologia, Psicologia, educadores, pais e cuidadores. 

"Uma avaliação inicial deverá ser realizada para conhecer melhor o repertório comportamental da criança e observar qual função a ecolalia exerce em sua comunicação", aponta Felipe.

"Vários estudos apontam que a melhor intervenção é a que tem como objetivo a modificação da ecolalia para uma comunicação funcional, inserido-a em um contexto comunicativo adequado, e não unicamente extingui-la", completa o psicólogo. 

Os fatores que causam a ecolalia ainda são desconhecidos, mas ela está frequentemente associada a condições neurológicas, ocorrendo tanto no desenvolvimento infantil quanto em alterações adquiridas ao longo da vida.

"A família pode contribuir ensinando formas adequadas de se comunicar e reforçando os comportamentos comunicativos adequados", destaca Maria Tereza. 

"Diálogo e ações coordenadas são fundamentais para que a intervenção seja bem sucedida, evitando reforço acidental da ecolalia", diz Felipe.